Por aqui, nossas Dominadoras profissionais, ainda estão longe dessa profissionalização. Mantém apenas uns poucos escravos regulares e se negam veementemente a serem comparadas à prostitutas, principalmente, por acreditarem que como não há troca de favores sexuais (penetração, pelo menos dele nela, rs…), BDSM pago não é prostituição.
Algumas aceitam dinheiro, outras trocas de favores, mas no fundo é sempre isso por aquilo. E quase nunca é prazer por prazer…
A grande verdade é que para os submissos/masoquistas que necessitam ser dominados sexualmente e não querem criar um vínculo (emocional, sexual) além da realização do seu fetiche, este tipo de profissional é perfeita. É possível realizar seu fetiche sem comprometimento.
A grande maioria de submissos/masoquistas mantém o BDSM como uma vida secreta, que em nada atrapalha o seu dia a dia, desde que vivido discretamente. Todas as Dominadoras profissionais que conheço são extremamente discretas (até porque a discrição é a chave do negócio), costumam ter locais e acessórios próprios para atendimento e costumam atender clientes/submissos em horários previamente estabelecidos, que poderiam ser facilmente disfarçados como uma visita externa no meio do dia.
Área de treinamento de escravos em OWK, na República Tcheca
Nem todas as mulheres encaram bem o BDSM e alguns fetiches de maneira natural, quanto mais erótica. Práticas relativamente simples, como a inversão de papéis e a podolatria, são vistas por muitas como algo nojento ou pervertido, restando ao homem somente duas possibilidades: uma vida de insatisfação sexual ou a necessidade em contratar serviços profissionais. Eis a questão!
Ah, e é claro que existem Dominadores profissionais, mas quase sempre voltados ao público gay. A procura deste tipo de serviço por mulheres é quase nula. Neste ponto a máxima de que homem busca sexo por sexo e mulher busca sexo com envolvimento parece fazer sentido.
BDSM e fetiches, um mercado em expansão
Enquanto isso, no dia a dia da prostituição, algumas garotas de programa ficam até aliviadas em atender clientes fetichistas, afinal, se o cara prefere gastar seu tempo disponível lambendo seu pé, cheirando sua bota, recebendo ordens como um cachorrinho ou desfilando com as roupas dela e gozar só com isso, melhor.Já ouvi algumas prostitutas dizerem que é bem melhor atender fetichistas, pois neste período elas acabam dando um “descanso à xota”. Outras, espertamente, se especializam em práticas sexuais mais incomuns para criar um diferencial, como ser ativa (inversão de papéis) e usar acessórios BDSM (chicotes, algemas etc).
Estas práticas diferenciadas, que muitas vezes dispensam a penetração propriamente dita, ainda rendem um dindim a mais. O mercado existe e acredito que, com a Internet, esteja em nítida expansão. Não é à toa que o GPguia (fórum sobre acompanhantes) tem um uma categoria específica para Fetichismo, BDSM-SSC e Podolatria.
Anúncio de acompanhante em site de prostituição
Esta nova/velha modalidade em vender o corpo abre um leque de possibilidades ao sexo não convencional, outrora desconhecidas, ou guardadas a sete chaves.
Dinheiro ou prazer, qual o melhor pagamento?
Termino este texto compartilhando uma história pessoal.Como comentei, conheço algumas (poucas) Dominadoras profissionais, até porque sou uma adepta de BDSM e fetiches de um modo geral. Independente de entrar no mérito da questão da profissionalização ser ou não prostituição, minhas reservas são um pouco mais psicológicas que morais, e só por isso nunca me meti a dominar alguém profissionalmente.
Acho que se o cara impõe quais fetiches quer explorar e no fim de tudo goza, paga e vai embora, é ele quem está no comando: simplesmente por este motivo, meu tesão acaba aí.
Há algum tempo fui sondada por uma amiga que faz Dominação profissional a participar de uma sessão em conjunto com ela. O homem, um executivo estrangeiro no Brasil a negócios, pagaria 400 reais, mais o táxi, para que ela e uma amiga (que também seria recompensada) o “obrigassem” a vestir roupas de empregada (feminização forçada) e por um período de duas horas “exigissem” que ele as servisse. O
desfecho da fantasia seria quando, no ponto alto da humilhação, as duas Dominadoras fariam com ele uma inversão de papéis. Ou seja, munidas de uma cinta-pau, traçariam o seu rabo…
Acha que é filme? Então conheça o OWK.
Sinceramente, a fantasia até me excitou, mas quando pensei que ele estaria pagando por isso, putz, perdi o tesão na hora e não aceitei. Detalhe: essa proposta aconteceu em uma época que eu estava super sem grana, mas nem assim rolou. Sei lá, apesar de saber da importância de existirem Dominadoras profissionais, deixo isso para as outras. Dá um certo embrulho no estômago me imaginar recebendo dinheiro em troca do meu prazer.
Posso ser uma romântica, mas ainda acho que o maior pagamento pelo prazer é o prazer que se recebe em troca. BDSM ou baunilha, tesão só deveria ser pago com tesão… Só isso!
Outras referências
- Filme Anjos do Sol.
- Trecho do filme Eurotrip, sobre BDSM e safeword.
- OWK, The Other World Kingdon, paraíso da cultura BSDM.
- “Striptease Virtual”, entrevista no blog A Vida Secreta.
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